terça-feira, 10 de julho de 2007

Gesto

Há algo de irrevogável no adeus.
Nos abraçamos, juramos qualquer coisa diante de um
Deus suspenso, vigilante até quando de costas.
É um fato, está nos retratos, no papel, mais do que no papel, no silêncio das bocas, antes generosas, na inércia de mãos agora mortas, uma sobreposta a outra.
Mãos mortas, delas nasceram outras - menos abertas ao afago do que ao adeus redivivo. Delas nasceram outras no gesto de dentro do carro,
não de qualquer carro, mas daquele que nunca parou de partir,
que não se cumpre,
que não retira seu movimento de dentro da terra,
mas do espaço não geográfico, deserto no olhar que ainda vê
A mão espalmada em um adeus tão certo.