O coração
É um imóvel
Engraçado.
Onde um dia coube
o incabível
não cabe mais
o inacabado.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Verso Limpo
Queria um verso
Limpo
Pra não dizer o que sinto
Um verso feito pra roubar,
de tudo que olho,
Meu olhar.
Limpo
Pra não dizer o que sinto
Um verso feito pra roubar,
de tudo que olho,
Meu olhar.
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
A minha Ira
Não incomode minha ira
Ela dorme há muito tempo
E a qualquer momento
Ela pode despertar.
Na minha carne ela dorme.
Eu, sua criatura,
Agüento a tudo chorando baixo
Contando os passos
Bem devagar
Agüento a tudo
Por que ela dorme (esse ser verdadeiro)
O seu sono hibernal.
Eu sou o seu corpo
E vejam como estou magro,
Vejam minha cara de fome
Meus olhos fundos
Meu grito mudo ao crime impune.
E prestem atenção;
Minha ira promete,
quando acordar,
Naufragar todas as ilhas.
Ela dorme há muito tempo
E a qualquer momento
Ela pode despertar.
Na minha carne ela dorme.
Eu, sua criatura,
Agüento a tudo chorando baixo
Contando os passos
Bem devagar
Agüento a tudo
Por que ela dorme (esse ser verdadeiro)
O seu sono hibernal.
Eu sou o seu corpo
E vejam como estou magro,
Vejam minha cara de fome
Meus olhos fundos
Meu grito mudo ao crime impune.
E prestem atenção;
Minha ira promete,
quando acordar,
Naufragar todas as ilhas.
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Manhã a seu lado
Dormindo
Esqueceu de ser
rija maquinaria do viver
E despertou o Sol
Bem abaixo do meu umbigo.
O corpo ao meu lado
Ensinava-me
A Ser
As muitas maneiras de querer
Alguém
Por sentidos que eu mesmo
desconheço.
Esqueceu de ser
rija maquinaria do viver
E despertou o Sol
Bem abaixo do meu umbigo.
O corpo ao meu lado
Ensinava-me
A Ser
As muitas maneiras de querer
Alguém
Por sentidos que eu mesmo
desconheço.
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Medida
Computo minha dor
Meço minha alegria
Com a régua do amor
Que perdi um dia
É bem verdade que
na métrica da paixão
Mais vale o pulsar
Do meu coração
Do que qualquer medida
De varrer o mundo;
- Pois que vejo raso
Com o olhar profundo.
Meço minha alegria
Com a régua do amor
Que perdi um dia
É bem verdade que
na métrica da paixão
Mais vale o pulsar
Do meu coração
Do que qualquer medida
De varrer o mundo;
- Pois que vejo raso
Com o olhar profundo.
Silêncio
O que trago, hoje, de mais
Acabado e perfeito
É este silêncio vestindo
Cada pedra arremessada
Cada palavra cravada na carne, no sangue nosso
Que é o mesmo e, desfeito,
Estende-se em rio intransponível.
Nada tenho a te dizer
Do amor que colhi aos vinte e sete anos
Nem sobre qual quer outro assunto cotidiano;
Dos preços, da política, da chuva que cai a esta época do ano,
Nada além do medíocre, das dívidas,
Do pasto curto espaço da sobrevivência ordinária.
Nada
Apenas este silêncio crivado de
Palavras em riste,
Apontando nosso evidente fracasso.
Este silêncio triste, absurdo, que insiste em não se cumprir,
E que só poderia existir
Entre dois irmãos.
Acabado e perfeito
É este silêncio vestindo
Cada pedra arremessada
Cada palavra cravada na carne, no sangue nosso
Que é o mesmo e, desfeito,
Estende-se em rio intransponível.
Nada tenho a te dizer
Do amor que colhi aos vinte e sete anos
Nem sobre qual quer outro assunto cotidiano;
Dos preços, da política, da chuva que cai a esta época do ano,
Nada além do medíocre, das dívidas,
Do pasto curto espaço da sobrevivência ordinária.
Nada
Apenas este silêncio crivado de
Palavras em riste,
Apontando nosso evidente fracasso.
Este silêncio triste, absurdo, que insiste em não se cumprir,
E que só poderia existir
Entre dois irmãos.
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
Caminho II
Perdoem os versos
maltrapilhos
Com os quais ladrilho
minha estrada
- São faróis,
apenas isto,
No cume
o lume
da alvorada.
maltrapilhos
Com os quais ladrilho
minha estrada
- São faróis,
apenas isto,
No cume
o lume
da alvorada.
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
Caminho
O poeta
trilha o caminho inverso
das palavras
para reencontrar,
no final da sua jornada
o mundo impronunciável
e uno.
trilha o caminho inverso
das palavras
para reencontrar,
no final da sua jornada
o mundo impronunciável
e uno.
segunda-feira, 16 de julho de 2007
sexta-feira, 13 de julho de 2007
quinta-feira, 12 de julho de 2007
almermética
Indomável
estupidez
solta sobre
a superfície do
mundo
abato-me mudo antes de
alçar vôo.
toda palavra
em minha boca
é vã brincadeira,
nenhuma é capaz de
me compreender em palavra
nada traduz
a
miséria
do homem
esmagado
contra o peso
de ser
uma pedra.
estupidez
solta sobre
a superfície do
mundo
abato-me mudo antes de
alçar vôo.
toda palavra
em minha boca
é vã brincadeira,
nenhuma é capaz de
me compreender em palavra
nada traduz
a
miséria
do homem
esmagado
contra o peso
de ser
uma pedra.
quarta-feira, 11 de julho de 2007
Saudade II
A saudade é um Sol extinto
iluminando a noite insone
não brilha, não aquece
não consome no seu lume
outra espécie
que não o homem.
iluminando a noite insone
não brilha, não aquece
não consome no seu lume
outra espécie
que não o homem.
terça-feira, 10 de julho de 2007
Gesto
Há algo de irrevogável no adeus.
Nos abraçamos, juramos qualquer coisa diante de um
Deus suspenso, vigilante até quando de costas.
É um fato, está nos retratos, no papel, mais do que no papel, no silêncio das bocas, antes generosas, na inércia de mãos agora mortas, uma sobreposta a outra.
Mãos mortas, delas nasceram outras - menos abertas ao afago do que ao adeus redivivo. Delas nasceram outras no gesto de dentro do carro,
não de qualquer carro, mas daquele que nunca parou de partir,
que não se cumpre,
que não retira seu movimento de dentro da terra,
mas do espaço não geográfico, deserto no olhar que ainda vê
A mão espalmada em um adeus tão certo.
Nos abraçamos, juramos qualquer coisa diante de um
Deus suspenso, vigilante até quando de costas.
É um fato, está nos retratos, no papel, mais do que no papel, no silêncio das bocas, antes generosas, na inércia de mãos agora mortas, uma sobreposta a outra.
Mãos mortas, delas nasceram outras - menos abertas ao afago do que ao adeus redivivo. Delas nasceram outras no gesto de dentro do carro,
não de qualquer carro, mas daquele que nunca parou de partir,
que não se cumpre,
que não retira seu movimento de dentro da terra,
mas do espaço não geográfico, deserto no olhar que ainda vê
A mão espalmada em um adeus tão certo.
Primeira
Aqui jaz escrita
por ora obra completa
Repleta do amplo vazio
Que tece toda matéria.
É torta,
A cara do escriba – dirão.
Mas a letra morta, abrandada,
Sobre esta lâmina branca
Já há muito tempo descansa
E não há mais o que se faça
Com o coração que trespassa
A ponta da minha esferográfica
lança.
por ora obra completa
Repleta do amplo vazio
Que tece toda matéria.
É torta,
A cara do escriba – dirão.
Mas a letra morta, abrandada,
Sobre esta lâmina branca
Já há muito tempo descansa
E não há mais o que se faça
Com o coração que trespassa
A ponta da minha esferográfica
lança.
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