sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Medida

Computo minha dor
Meço minha alegria
Com a régua do amor
Que perdi um dia

É bem verdade que
na métrica da paixão
Mais vale o pulsar
Do meu coração

Do que qualquer medida
De varrer o mundo;
- Pois que vejo raso
Com o olhar profundo.

Silêncio

O que trago, hoje, de mais
Acabado e perfeito
É este silêncio vestindo
Cada pedra arremessada
Cada palavra cravada na carne, no sangue nosso
Que é o mesmo e, desfeito,
Estende-se em rio intransponível.

Nada tenho a te dizer
Do amor que colhi aos vinte e sete anos
Nem sobre qual quer outro assunto cotidiano;
Dos preços, da política, da chuva que cai a esta época do ano,
Nada além do medíocre, das dívidas,
Do pasto curto espaço da sobrevivência ordinária.
Nada

Apenas este silêncio crivado de
Palavras em riste,
Apontando nosso evidente fracasso.

Este silêncio triste, absurdo, que insiste em não se cumprir,
E que só poderia existir
Entre dois irmãos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Caminho II

Perdoem os versos
maltrapilhos
Com os quais ladrilho
minha estrada

- São faróis,
apenas isto,
No cume
o lume
da alvorada.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Caminho

O poeta
trilha o caminho inverso
das palavras
para reencontrar,
no final da sua jornada
o mundo impronunciável
e uno.